Formação do Trabalhador Espírita
Cairbar Schutel
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Recordando o Excelso Mestre Jesus, relata-nos o evangelista Mateus: “Um homem tinha dois filhos, e chegando ao primeiro, lhe disse: Filho vai hoje, e trabalha na minha vinha. E respondendo, ele lhe disse: Não quero.
Mas depois, tocado de arrependimento, foi. E chegando ao outro lhe disse do mesmo modo. E respondendo ele, disse: Eu vou senhor, e não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Responderam eles: O primeiro. “Jesus disse: Na verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes vos levarão a dianteira no reino de Deus.” (Mateus, 21:28--31.)
Adequando esses ensinamentos do Mestre à formação do trabalhador espírita, e guardando as devidas proporções, somos inclinados a pensar que a vinha do Senhor pode ser entendida como sendo a seara espírita. Seara bendita que disponibiliza aos seus servidores oportunidades de reajustamento espiritual, desde que estejam dispostos a oferecer suor e lágrima, alegria e dedicação, nos serviços de amor ao semelhante.
Entendemos que todos os espíritas são convidados a dar a sua cota de trabalho na vinha do Senhor.
Entre os convidados existem aqueles que, à semelhança do primeiro filho da parábola, recusam o convite, para, mais tarde, cumprir a vontade do Pai. Representam a vasta categoria de trabalhadores espíritas que, num primeiro momento, se julgam inaptos à execução da tarefa, assinalando diferentes justificativas: necessidade de construir um futuro profissional, essencial à subsistência no plano físico; dever de priorizar atendimento aos desafios da vida em família, sobretudo os relativos à educação dos filhos; executar, ainda que tardiamente, sonhos imaginados nos distantes dias da infância ou juventude; importância em considerar que, a despeito do real significado dos ensinamentos da Doutrina Espírita, somente missionários devam dedicar-se, de corpo e alma, às múltiplas e desafiantes tarefas existentes na seara.
São espíritas que se deixam influenciar, em demasia, pelos chamamentos da vida física, sempre adiando para mais tarde a dedicação solicitada. Sabemos, no entanto, que por força das provações que lhes ocorrem ao longo da jornada terrestre são naturalmente conduzidos a reflexões, deixando que o desejo de algo fazer em benefício do próximo lhes preencha, pouco a pouco, o coração. Tornam-se então mais solidários com os que sofrem encarnados ou desencarnados. Libertos de si mesmos passam a entender que a dedicação ao próximo deva ser a maior preocupação da vida, e, revelando nova disposição, honram as tarefas que lhes foram confiadas com os cuidados da persistência e da continuidade. Arrependidos dos equívocos cometidos, quando aceitaram o jugo dos atrativos materiais, compreendem, finalmente, a grandeza que existe em servir sem imposições, mas de coração aberto, independentemente das cotas de sacrifício oferecidas pelo trabalho na vinha do Senhor.
Devemos considerar, porém, que, como o segundo filho da parábola, existem espíritas que aceitam, de imediato, colaborar no campo do Senhor, quando convidados.
Tempos depois, no entanto, se afastam da prestação de serviço que lhes foi destinada, por se revelarem incapazes de enfrentar os obstáculos que surgem. São os entusiastas do primeiro momento. Conseguem identificar os benefícios do trabalho, discorrendo sobre os mesmos com alegria e bom ânimo. Permanecem, porém, nesta posição. Não suportando a carga diária e rotineira imposta pela tarefa, afastam-se, transferindo para o grande futuro a oportunidade de servir, ainda que sob o peso de renúncias e provas dolorosas.
Endereçamos a vocês, amigos e irmãos, estas singelas considerações, rogando ao Pai Celestial bênçãos de paz para todos.
Texto extraído da Revista Reformador. Abril/2005, p28.
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