Aversões

Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena.


Mas, também pode acontecer sejam completamente estranhos uns aos outros esses Espíritos, afastados entre si por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem na Terra por um mútuo antagonismo, que aí lhes serve de provação.


Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias, os quais prendem os Espíritos, antes, durante e depois de suas encarnações.


Somos defrontados, em todos os departamentos da família humana, pelas ocorrências da aversão inata. Pais e filhos, irmãos e parentes outros, não raro, se repelem, desde os primeiros contactos.


Claramente verificáveis os fenômenos da hostilidade, entre adultos e crianças, trazidos pelo imperativo do berço à intimidade do dia-a-dia.


Pais existem nutrindo antipatia pelos próprios rebentos, desde que esses rebentos lhes surgem no lar, e existem filhos que se inimizam com os próprios pais, tão logo senhoreiam o campo mental, nos labores da encarnação.


Arraigado no labirinto de existências menos felizes, decerto que o problema das reações negativas, culpas, remorsos, inibições, vinganças e tantos outros está presente no quadro familiar, em que o ódio acumulado em estâncias do pretérito se exterioriza, por meio de manifestações catalogáveis na patologia da mente.


Nessa base de raciocínio, determinada criança terá sofrido essa ou aquela humilhação da parte dos pais ou tutores e se desenvolveu abafando propósitos de desforço, com o que intoxicou a si mesma, no curso do tempo, e certos pais haverão sentido inesperada animosidade por esse ou aquele filho recém-nato, alimentando ciúme contra ele, embora sufocando tal sentimento, com benéficas atitudes de convenção.


Não muito raro, os cadastros policiais registam infanticídios em que pais ou mães aniquilam o corpo daqueles mesmos Espíritos aos quais favoreceram com a encarnação na Terra.


Indubitavelmente, o tratamento psicológico, visando à cura mental e à sublimação da personalidade, é o caminho ideal para semelhantes pacientes; urge entender, porém, que médicos e analistas humanitários conseguirão efetuar prodígios de compreensão e de amor, liberando enfermos dessa espécie; no entanto, o estudo da reencarnação é igualmente chamado a funcionar, nos alicerces da obra de salvamento.


Quantos milhares de existências terminam anualmente, no mundo, pelos golpes da criminalidade? Claro está que as vítimas não foram arrebatadas para céus ou infernos teológicos.


Se compenetradas, quanto às leis de amor e perdão que dissipam as algemas do ódio, promovem-se a trabalho digno na Espiritualidade, às vezes até mesmo em auxílio aos próprios algozes.


Na maioria das circunstâncias, todavia, persistem no caminho daqueles que lhes dilapidaram a vida profunda, transformando-se em perseguidores magoados ou vingativos, jungidos mentalmente aos antigos ofensores, e finalmente reconduzidos, pelos princípios cármicos, ao renascimento junto deles, a fim de sanarem, no clima da convivência, os complexos de crueldade que ainda se lhes destilem do ser.


Quando isso aconteça, o apostolado de reajuste há de iniciar-se nos pais, porquanto, despertos para a lógica e para o entendimento, são convocados pela sabedoria da vida ao apaziguamento e à renovação.


Observemos, no entanto, que em semelhantes domínios da alma o apoio da fé religiosa se erguerá em socorro e terapêutica.


É indispensável amar e desculpar, compreender e servir, tantas vezes quantas se faça necessárias, de modo a que sofrimento e dissensão desapareçam e a fim de que, nas bases da compreensão e da bondade de hoje, as crianças de hoje se levantem na condição de Espíritos reajustados, perante as Leis do Universo, garantindo aos adultos, nas trilhas das reencarnações porvindouras, a redenção de seus próprios destinos.


Texto extraído do Livro "Vida e Sexo", psicografia de Francisco Cândido Xavier (Emmanuel).

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