Os Espíritos e os Fluidos
(Severino Barbosa)


A Doutrina Espírita veio demolir as barreiras que separam os homens dos Espíritos, para que eles possam entender-se melhor. É através desse entendimento, pelo intercâmbio mediúnico, que os habitantes do outro mundo transmitem as suas orientações, apontando os rumos que devemos tomar.

Esta realidade nos traz bastante conforto e segurança, pois, assim, nos sentimos bem firmes em nossa trajetória evolutiva, certos de que seres invisíveis, obedecendo às determinações de um Poder Maior, cuidam zelosamente de nós a cada passo da vida terrena.

Contudo, não obstante estarem bem cientes e crentes dessas verdades, muitas pessoas há que por falta de um estudo mais profundo sobre o mundo que as aguarda depois da morte julgam que a vida espiritual é um eterno vazio, conseqüentemente sem luz, sem cores, sem atividades e sem destino. Até mesmo um vácuo absoluto. É Ledo engano!

A Filosofia Espírita ensina – e nós não temos a menor dúvida –, que a vida eterna, como costumeiramente se diz, é um mundo tão real quanto o material em que vivemos, com formas, luz própria, cores, atividades mais diversificadas, agrupamentos, pequenas e grandes comunidades, colônias diversas, e tudo isso com os seus núcleos administrativos, em tudo por tudo semelhantes às organizações terrestres.

Os habitantes do mundo invisível, que são os homens despidos das vestes físicas, continuam com as suas aparências. Eles vivem em uma dimensão que não é de matéria bruta, densa, mas fluídica, em estado mais rarefeito ou grosseiro, que compõe a atmosfera onde habitam, de acordo com o grau de evolução de cada um.

Na Revista Espírita de 1868, página 166 (EDICEL), Allan Kardec elucida o tema: “Os fluidos espirituais, que constituem um dos estados do fluido cósmico universal, são, a bem dizer, a atmosfera dos seres espirituais.”

O Espírito André Luiz, através da mediunidade de Chico Xavier, ao descrever, em suas magníficas obras, as organizações da vida pos mortem, confirma o que Kardec diz acima.

Dessa forma, as elucidações do Codificador do Espiritismo, relativas ao tema em foco, são amplas e profundas. Ele afirma que os fluidos que formam o ambiente espiritual são, para os Espíritos, o que os materiais representam para os homens, aqui na crosta da Terra, para o levantamento das suas construções. Acrescenta que, com o poder da vontade e a força do pensamento, eles constroem no mundo espiritual as mesmas coisas que os homens edificam no plano material e que, utilizando-se dos mesmos recursos, desfazem as coisas com a facilidade com que as constroem.

De acordo com os esclarecimentos de Allan Kardec – e que os céticos estão muito distantes de compreender –, o poder, o domínio, o controle que os Espíritos têm sobre os fluidos, a facilidade com que combinam os elementos fluídicos são tão fantásticos que basta mentalizarem uma paisagem, um quadro artístico, um projeto ou quaisquer outras coisas, para que tomem as aparências desejadas. Pelo pensamento, como diz o Codificador, os Espíritos aglomeram fluidos e dão-lhes tal ou qual direção, bem como provocam combinações e dispersões, e criam fluidicamente os objetos dos seus hábitos terrestres.

A temática está bem dissecada em O Livro dos Médiuns, cap. VIII – “Do Laboratório do Mundo Invisível”, em A Gênese, cap. XIV, bem como na citada Revista Espírita (p. 167): “Os fluidos são [no dizer de Kardec], o grande atelier ou o laboratório da vida espiritual.”

A questão em estudo, por ser uma realidade própria do mundo espiritual, infelizmente continua rejeitada pela preconceituosa Ciência dos homens. Mas, no futuro e por força da lei do progresso, com certeza os sábios se interessarão e se aprofundarão nos estudos das leis que regem os fluidos, os quais também representam aperfeiçoados estados da matéria cósmica universal, conforme ensinamento de Allan Kardec no citado livro A Gênese.

Texto extraído da Revista Reformador.Fev/2005, pp.17.
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