Etapa III: Organização do Material


Depois das leituras, audições e de tomar nota do que achou pertinente você percebeu o quanto seu conhecimento foi ampliado e como cresceu em importância. Agora é hora de organizar o material. Se você jogar ao público do jeito que está não vai ficar bom.
Para avançarmos lanço nesta etapa algumas perguntas essenciais:


- Qual é o público a que se destinará a palestra?
- São conhecedores ou não da doutrina espírita?
- São jovens ou adultos?
- Qual o ambiente que vou falar: dentro da casa espírita ou fora dela?
- Quais os recursos que terei? Data show? Microfone?
- Qual o tempo que irei dispor para a palestra?


Procure respondê-las, elas podem ser levantadas antes da etapa de estudo, mas agora que você irá selecionar o que vai transmitir na palestra estas questões auxiliarão. Fique atento(a), porque de acordo com a faixa etária, os interesses mudam. Um público jovem exigirá uma palestra ligada aos seus desafios atuais, uma dica interessante é que se façam perguntas-chave dentro da exposição para levá-los à reflexão, por exemplo.
Se o público é espírita, a abordagem toma um rumo diferente do público não espírita, isto porque partimos do pressuposto de que o primeiro já tem conhecimentos básicos, já aceitam os princípios espíritas, e no segundo caso, precisa-se esclarecer alguns termos e fazer um link entre as diversas propostas de conhecimento (cristão, espírita, filosófica, espírita) para dar significado ao assunto de acordo com a percepção dos ouvintes.
Vamos definitivamente organizar o material obedecendo ao tempo disponibilizado e ao público ouvinte.
Todo processo de comunicação para ser eficiente deve ter COMEÇO, MEIO e FIM, ou seja, INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO E CONCLUSÃO e deve seguir o fio determinado pelo tema. Na minha experiência sugiro que você crie uma pergunta que deseja ser respondida na sua palestra. Por exemplo. Se a palestra se intitula “Provas da Reencarnação segundo a doutrina espírita”. Faça a pergunta: Em que a doutrina espírita se fundamenta para provar a reencarnação, ela está concorde com o pensamento cristão?
3.1 INTRODUÇÃO
Início da palestra, que é a introdução. Nesta fase precisa-se quebrar o gelo do público e o nosso nervosismo que estará no máximo. Lembra-se da automotivação? Pense no quanto será útil trazer este assunto, quantas lágrimas secarão ao se ter o conhecimento que você semeará na palestra.
Nesta etapa, você vai despertar ou atrair a atenção do público para o tema utilizando uma citação evangélica, um pequeno conto, história, uma questão do livro dos espíritos, uma reportagem ou uma reflexão/provocação de sua autoria. A introdução é curta e serve para abrir a conversa. Se preciso for delimite o que vai falar, se couber, cite as obras que você consultou e siga suavemente para a maior etapa da palestra, ou seja, o desenvolvimento do tema.
Sugiro ao novato começar o tema com uma história que o auxiliará a manter o nervosismo em baixa e ao mesmo tempo prender a atenção do público.
Certa feita, assisti uma palestra do escritor José Jorge, autor do Livro Antologia do Perispírito. Ao iniciar a palestra, ele disse que iria “provar” porque não acreditava na reencarnação. Este foi o mote que nos prendeu durante toda a sua fala.
3.2 DESENVOLVIMENTO
O meio da palestra corresponde ao miolo da fruta, é a parte mais substanciosa. Nela traga as contribuições de diversos autores, reúna as idéias similares, senão fica uma “mistura sem pé, nem cabeça”. Para tanto, organize-as e deixe para o fim as contribuições mais importantes, ou seja, a visão espírita, se for o caso.
Caso você sinta dificuldade de organizar sua explanação, não tenha receio de procurar apoio. A palestra tem sua “cara”, mas as contribuições para melhorá-la são sempre bem vindas.
MUITA ATENÇÃO: SE A PALESTRA É ESPÍRITA NÃO PODE FALTAR A PRECIOSA CONTRIBUIÇÃO DOUTRINÁRIA. Chamo atenção para este ponto porque identificamos, em alguns episódios em que o palestrante espírita “esqueceu” de na sua abordagem trazer a valiosa contribuição desta doutrina, que se diferencia na explicação sobre nossa essência espiritual, de que somos seres em evolução e que atingiremos a plenitude por meio das sucessivas encarnações. Faltar o tom espírita é o mesmo que, ao nosso ver, “negar água a quem tem sede, a água da vida, da compreensão profunda do que somos, de onde viemos e porque aqui estamos”.
Vale ressaltar que um dos recursos preciosos para prender a atenção do público é a narrativa de histórias, fatos da vida real, parábolas, etc. Porque via de regra, o(s) ouvinte(s) dispersam-se com facilidade e as narrativas conseguem atraí-los. Neste ponto, temos Jesus como um precioso exemplo de ensino por parábolas. Portanto, lance perguntas, traga pensadores críticos e bem embasados, sempre mantendo o fio do tema.
3.3 CONCLUSÃO
Nesta etapa haverá um clímax, que é o ponto culminante. O ponto culminante da palestra é quando finalmente respondemos a pergunta a que nos propomos. Uma boa resposta exige uma boa base de conhecimento. Esta etapa exige também uma forte dose da emotividade do palestrante.Tem-se a sensação de tarefa cumprida, mas falta o final: a conclusão.
A conclusão deve-se levar à reflexão. Todo conhecimento espírita deve levar à transformação moral, portanto, de nada serve conhecimento acumulado que não gere mudança de atitude para melhor. Pode-se concluir com o chamamento à reflexão sobre como é a nossa atitude e a necessidade de modificá-la para nossa própria felicidade, inclusive é um bom auxílio declamar ou ler uma poesia.
Arrumou o esquema da palestra? Organizou o caminho a ser trilhado? Revise o material e ensaie sozinho(a) ou diante de um amigo(a) para ganhar segurança. É importante lembrar que antes mesmo de iniciar o trabalho de organização do material, a oração é um excelente auxiliar em todo este processo, pois, acreditamos que numa atividade dessa envergadura, nunca ficamos sozinhos, pois contamos com o auxílio dos amigos espirituais para que a preciosa oportunidade de consolação espírita seja realizada satisfatoriamente.
(...)
Voltando à palestra de José Jorge: você sabe como terminou? Ele disse que não acredita na reencarnação sabe que a reencarnação existe!

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