A Cidade “Nosso Lar” – Parte I
Sociedade na Vida Espiritual

Na vasta bibliografia mediúnica do médium Francisco Cândido Xavier, a cidade espiritual conhecida como “Nosso Lar” foi a primeira sociedade urbana da Vida Maior retratada com detalhes. Foi no livro do mesmo nome, editado pela Federação Espírita Brasileira, que o Espírito de André Luiz, relatando suas experiências, forneceu descrições pormenorizadas acerca da organização da sociedade comunitária e das edificações que lhe servem de apoio material.

Conta o abnegado médium que se surpreendeu pelo inusitado das revelações e que André Luiz, a fim de que ele desse livro curso aos seus relatos, certa noite, levou-o, em desprendimento espiritual, até a cidade “Nosso Lar” para que se inteirasse da sua existência e conhecesse, pessoalmente, alguns recantos retratados no livro.

Realmente, o citado livro abria campos amplos e novos à indagação daqueles estudiosos que sentissem dificuldades para entender como a vida poderia prosseguir, normalmente e sem saltos, após o desenlace físico.

Difícil imaginar, ante a diversidade aparente das condições de encarnado e desencarnado; que o Espírito pudesse habitar cidades edificadas e organizadas de modo semelhante às expressões terrestres.

Os Espíritos disseram a Allan Kardec, que, no mundo espiritual, viviam em “espécies de acampamentos, de campos para se repousar de uma muito longa erraticidade, estado sempre um pouco penoso”.

Não se podia, é verdade, dar largas à imaginação para especular acerca do que seriam realmente, essas espécies de acampamentos, por falta de referências mais claras que induzissem a idealização de comunidades de Espíritos habitando cidades estruturadas em edificações de natureza sólida, sobre terreno fértil à vegetação, e em tudo com estreita semelhança ao que conhecemos na Crosta.

Mas, a partir das informações veiculadas por André Luiz, passado o espanto natural que as revelações causaram, reconheceu-se que não poderia ocorrer de forma diferente.
Habituados, durante muitos séculos; à idealização do Céu e do Inferno, em termos sem correspondência com as expressões contidas nas obras da Codificação, nos recusávamos a aceitar o óbvio. Se o Espírito sobrevivia ao corpo, e provas dessa sobrevivência foram abundantes a partir do surgimento da Doutrina Espírita, e se, por outro lado, os Espíritos nos asseguravam que nos reuniríamos em famílias e em agrupamentos, e que a vida continuava sem grandes mudanças depois da morte física, por que haveria de ser tão discrepante em relação aos moldes da vida terrena?

Pelas recordações da vida espiritual, organizamos a vida terrena, e André Luiz nos mostra que esta é uma cópia imperfeita daquela.

A partir da edição do livro, a cidade “Nosso Lar” ganhou o coração e a imaginação de todos os espíritas, que identificaram nela um modelo alentador das organizações e situações que aguardam o ser humano, após a desencarnação, e – por que não dizer? – Um estímulo ao aproveitamento da existência física para conviver, depois, em comunidades idênticas ou melhores.

Se a revelação trazida por André Luiz esperou oitenta e seis anos, após a edição de O Livro dos Espíritos, agora, quase quarenta anos depois do surgimento do livro Nosso Lar, o Alto nos permite mais algumas informações, ensejando-nos receber, através do trabalho mediúnico de nossa irmã Heigorina Cunha, de Sacramento, o plano piloto da cidade espiritual que é o objetivo deste livro.

A cidade “Nosso Lar”, segundo informações veiculadas por André Luiz, foi fundada por portugueses distintos, desencarnados no Brasil, no século XVI, a partir de onde se localiza, atualmente, a Governadoria.

Conta que, naquele trato de terra, onde se vêem edifícios de fino lavor e onde se congregam vibrações delicadas e nobres, os fundadores encontraram “as notas primitivas dos selvícolas do país e as construções infantis de suas mentes rudimentares”, devendo, à custa de “serviço perseverante, solidariedade fraterna e amor espiritual”, conquista-los e integra-los para conseguirem seus objetivos.

À época em que se pronunciou o Amigo Espiritual, a cidade contava com cerca de um milhão de habitantes.

Tendo em vista que a cidade se divide segundo as necessidades de sua organização administrativa, permitindo-nos informar, aos que ainda não leram o livro NOSSO LAR, que a Governadoria, órgão central, está assessorada pelo trabalho e organização de seus Ministérios, a saber: Ministério da Regeneração, do Auxílio, da Comunicação, do Esclarecimento, da Elevação e da União Divina, que atuam nas áreas que os próprios nomes definem, sendo, cada Ministério, dirigido por doze ministros.

Esclarecidos esses detalhes, passemos a considerar, no próximo Artigo (Parte II) a “Organização de Serviços na Cidade Nosso Lar”.

Da obra “Cidade no Além” – Psicografia de Heigorina Cunha e Francisco Candido Xavier (André Luiz e Lucius).

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