A morte e a mediunidade
(Adésio Alves Machado)

“O homem, de modo geral, não se acha ainda acostumado ao fenômeno biológico natural da vida – a morte.”

Através do intercâmbio entre os dois mundos – a mediunidade – é possível haurir as indispensáveis forças morais e espirituais para a consecução de nosso objetivo maior na vida terrena, que é a liberdade espiritual através da nossa evolução.

Pouco ou quase nada conseguiram aqueles manobreiros das consciências alheias com a ameaça de suas fogueiras, de um inferno ardente para calar as vozes dos imortais.

O correio da mediunidade agora aberto não vai mais fechar, noticiando o mais possível, dentro das nossas necessidades evolutivas, aquilo que precisamos saber e compreender.

Amigos e conhecidos, mentores e guias abnegados insistem no uso da palavra mediúnica, escrita e falada, conjugando companheiros empenhados nas lutas de ascensão espiritual ainda na retaguarda terrena.

Paralelamente a estes, outros surgem, sedentos de vingança entre tormentosas reminiscências, invejosos e maus, procurando prejudicar os incautos da Terra; são os adversários do passado, vencidos pelas urdiduras da pusilanimidade, aproveitando-se de suas condições de invisibilidade para dar vazão às suas ojerizas e idiossincrasias em longos processos obsediantes.

As vinculações são feitas mente a mente, conforme os pensamentos acalentados, estabelecendo-se a sintonia, consciente ou inconscientemente. Inicia-se, assim, um processo que geralmente desemboca na obsessão e suas conseqüências sempre lamentáveis, para ambas as partes, alongando-se no tempo.

Dentre as dores do ser humano, uma das mais pungentes, pertinazes e profundas é, indubitavelmente, a que decorre da separação física imposta pela morte. O homem, de modo geral, não se acha ainda acostumado ao fenômeno biológico natural da vida – a morte.

A morte pode ensejar felicidade e triunfo, sendo ela, nesse caso, libertação, mas pode também fazer-se grilheta e cárcere para as consciências comprometidas, intoxicadas pelos vapores da insensatez e das paixões comprometedoras.

A ninguém poupa e prima por igualar a todos, selecionando-os de conformidade com os títulos morais auferidos no transcurso das existências. Nunca deveríamos rebelar-nos diante das conjunturas da morte que nos separou de um ente amado, porque tal separação não atende aos caprichos do acaso, mas às determinações do Criador, o único a deter o poder sobre as nossas existências. Ela, a separação, jamais será definitiva, requisitando nossa
paciência e nosso preparo para o reencontro.

Os afetos aguardam-nos esperançosos, anelando que cumpramos nossos deveres e obrigações, e que nunca os decepcionemos através de manifestações de revolta ou de desespero, totalmente injustificáveis. Vivem eles como nós vivemos e viveremos, tendo-os apenas como aqueles que se anteciparam na viagem de volta, não se encontrando apartados de nós.

Apesar de não os vermos, estão ao nosso lado caso os amemos, ou vinculados a nós, se os detestamos. Não os fixemos na memória de forma inditosa, sob os caprichos da paixão ou debaixo do sabor amargo da nossa dor, devendo, sim, luarizar a saudade no regaço da oração, alimentando a certeza de reencontrá-los.

Utilizemos, portanto, as nossas horas disponíveis para pensar neles e produzir o Bem, em nome deles e por amor a Jesus, orando sempre, e convertendo nossas moedas e flores de efêmeras durações em reconforto para os outros seres que padecem privações.

Nossos gestos de amor serão por eles benditos, acercar-se-ão mais de nós, visando a ajudar-nos e encorajar-nos ao prosseguimento das tarefas. Deslocando o amor em direção do sofrimento alheio diminuiremos a nossa dor, tudo realizando em nome dos que partiram, certos de que vivem e se encontram ligados a nós.

Façamos sempre uma avaliação do nosso dia, procurando analisar o que foi feito, de certo e de errado, insistindo por viver sempre com a retidão que é característica de quem dispõe de pouco tempo, confiando no prosseguimento da vida após o traspasse.
A viagem material é uma aprendizagem que deve ser exercitada, imprimindo-lhe uma conduta moral, mental e vivencial correta, digna, respeitosa, honesta, fazendo ao próximo tudo quanto gostaríamos que ele nos fizesse.

Não devemos lamentar os mortos, nem nos amedrontar diante da morte, evitando rebeldia e mágoa, considerando a existência pós-morte apenas como a de uma vida em níveis vibracionais diferentes, em faixas evolutivas diversas.

-> Oração Dia dos mortos (Emmanuel) <-

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Texto extraído da Revista Reformador. Junho/2004, p 39-41.

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