Pensar por Nós
(André Luiz)

"Geralmente pensamos estar pensando com nosso pensamento e isso nem sempre é tão fácil."


É necessário desenvolver o próprio raciocínio a fim de perceber se não estamos digerindo idéias alheias que nos são desfechadas por sistemas de imposição indireta.

Andamos quando encarnados automaticamente requisitados pela hipnose, a cada trecho do dia.

Manhã cedo, colhemos, em regra, informações dos familiares que, de hábito, nos dirigem a palavra, refletindo opiniões sobre ocorrências diversas.

Logo após, freqüentemente, passamos às induções da imprensa ou do rádio, esposando-lhes os conceitos quando lhes dispensamos atenção.

Em seguida, a via pública é ribalta de chamamentos inúmeros para que desempenhemos determinado papel, seja viajando ou caminhando, anotando as novidades da hora ou deglutindo mentalmente os anúncios comerciais.

No exercício da profissão, usamos personalidade adequada às circunstâncias, qual sucede com a vestimenta que a pessoa é impelida a adotar conforme o lugar de representação e serviço.

À noite, comumente, manuseamos livros e publicações com os quais nos afinemos, assistimos a espetáculos, procuramos entretenimentos ou escutamos amigos, assimilando múltiplas sugestões com que se nos influencia o repouso.

Quase todas as criaturas, na Terra, por enquanto vivem encadeadas umas às outras, sob vigorosa pressão de forças mentais que lhes suscitam atitudes e palavras, sem que elas saibam.
Daí procede a obrigação do conhecimento de nós mesmos.

A Doutrina Espírita nos recomenda a fé raciocinada para que, desde a existência terrestre, possamos compreender que é lícito admirar o pensamento alheio e até segui-lo, quando a isso nos decidamos, mas é preciso pensar por nós, a fim de que não venhamos a cair irrefletidamente no resvaladouro do erro ou no visco da obsessão.


Texto do Livro Sol nas Almas. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

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